Pensar I José António Lozano Garcia

José António Lozano Garcia, nasceu na cidade da Corunha em 1967. É professor de Filosofia no ensino secundário na Galiza. Foi finalista em 1988 do Prémio de poesia Nacional O Facho. Em 1989 publicou no livro coletivo Fogo Cruzado (AGAL) o relato O pêndulo sob o pseudónimo Jorge Mário Novais. Em 1993 foi prémio ex-aequo junto a Xavier Alcalá no certame de narrações breves Manuel Murguia de Arteijo pelo seu relato Retrato antigo:pinturas e superfícies. No mesmo certame recebeu em 2016 o 3º prémio pelo relato A Aranha de Sidney. Em 1995 publicou em edição não-venal poesia no volume colectivo 7 poetas. Publicou em 2002 no livro comemorativo dos 10 anos do prémio Manuel Murguia o relato Porco Transgénico. E Foi finalista no ano 2021 do Prémio internacional de poesia Glória de Sant’Anna com o poemário Obscura Anatólia. Tem estudado o filósofo portuense José Marinho, com várias publicações sobre o seu pensamento.
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Pensar
pensei que os teus cabelos fossem trigo
que me trouxe o vento para debicar
pensei que as rosas bravas do jazigo
eram versos de inverno para amar
pensei que a lua pintada nos teus olhos
fosse uma estrela lançada desde o mar
pensei que as janelas sem abrolhos
eram portas secretas ao teu lar
pensei que os teus cabelos fossem trigo
que o vento me trouxe para debicar
(nas tardes de Anatólia sou, amiga,
uma rosa de nenhum lugar)
pensei que o mel fosse destino
de corpos destinados a se amar
que as pedras fossem no caminho
antigas lendas para além do mar
pensei sem palavras e sem vinho
deitado junto às vides do lugar
que os teus cabelos eram trigo
enlaçados aos meus dedos para amar…
(- Dizei-me, ó meus amigos,
se pensei, sinceramente,
bem ou mal.)
(De Lua de Anatólia)
Nota: Como prolongamento deste poema, o autor partilhou uma composição de bossa nova criada com inteligência artificial, onde o próprio texto foi integrado como letra — sugerindo uma experiência de leitura também auditiva.